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APMP celebra mulheres do MP em webinar do ‘Dia Internacional da Mulher’

Evento virtual homenageou a Vice-Corregedora Liliana Mortari Mercadante

A Associação Paulista do Ministério Público (APMP) celebrou o Dia Internacional da Mulher promovendo o webinar “Ministério Público, Direito e Gênero – Conquistas e Desafios”, organizado pela APMP Mulher. O evento virtual, realizado ontem (08), reuniu diferentes gerações de mulheres integrantes do Ministério Público, que compartilharam suas vivências ao longo da carreira. Mediado pela Diretora da APMP Mulher, Gabriela Manssur, e com abertura da 1ª Tesoureira, Paula Castanheira Lamenza, o webinar teve como homenageada a Vice-Corregedora-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo, Liliana Mercadante Mortari.

O webinar também contou com a participação de Valéria Diez Scarance Fernandes, Promotora de Justiça do MPSP especializada em gênero e enfrentamento à violência contra a mulher, Silvia Chakian de Toledo Santos, Promotora de Justiça do MPSP e autora do livro “A Construção dos Direitos das Mulheres”, Jacqueline Orofino, Promotora de Justiça do Tocantins e Ex- Presidente da Associação Tocantinense do MP, e Gabriela Carvalho de Almeida Estephan, Promotora de Justiça do MPSP. Elas foram debatedoras do evento.

Paula Castanheira Lamenza abriu o evento ressaltando a importância da data. “Hoje, 08 de março, é um dia especial para todos nós, Dia Internacional da Mulher, que para muitas é de comemoração, e realmente é, mas que, acima de tudo, é um dia de luta”. A 1ª Tesoureira da APMP também relatou a experiência em integrar a entidade de classe. “APMP pode chegar aqui com tranquilidade e dizer que é uma empresa que trata muito bem a mulher (…). Eu nunca me vi vítima de nenhum tipo de discriminação, muito pelo contrário, nós temos várias diretoras mulheres, nós temos também muitas mulheres em cargo de gerência, em cargo de coordenação. Então, na APMP a participação feminina não se limita, como em muitos lugares, a empregos de nível de baixa escolaridade, de salário diferenciado. Nós temos muitas gerentes e muitas coordenadoras dos mais diferentes departamentos. Seja no Turismo e em Eventos, seja no Financeiro”, afirmou.

A Diretora da APMP Mulher, Gabriela Manssur, uma das principais referências no combate à violência doméstica no Brasil, exaltou a importância do Ministério Público na luta pela proteção das mulheres. “Nós temos um poder nas mãos de fazer alguma coisa para a sociedade (…), é um instrumento de poder transformar a vida das pessoas. Para mim é isso ser Promotora de Justiça. E concluiu: Eu sou apaixonada, eu amo ser Promotora de Justiça.

Em sua fala, Liliana Mercadante Mortari abordou diferentes questões presentes no cotidiano feminino, como dupla jornada de trabalho, espaço ocupado pelas mulheres no MP, oportunidades de carreira, assédio, ações afirmativas e violência de gênero. A homenageada da noite foi enfática no seu posicionamento contra a violência doméstica. “São as mulheres que diuturnamente estão morrendo, não são os homens sendo mortos pelas mulheres. São os homens matando as mulheres, então nós temos que, dentro da nossa atuação, coibir o quanto possível esse tipo de conduta tão sofrida e tão injusta, que é o feminicídio”, afirmou.

A Promotora de Justiça Valéria Diez Scarance Fernandes, Mestre e Doutora em processo penal e Professora da PUC/SP, falou sobre a trajetória das mulheres no Ministério Público. “Eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa história com vocês, porque nada foi fácil para nós que trabalhamos nessa área. Pra gente era muito comum (…) ouvir piadinha pelas costas quando a gente se virava, nós éramos tachadas de todos os apelidos possíveis porque trabalhávamos na violência contra a mulher. Uma parte da nossa classe sempre respeitou o nosso trabalho, mas a outra parte nós tivemos que conquistar mesmo, passinho por passinho. E é um orgulho ver que hoje o Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) está por toda a capital, que nossos projetos são reconhecidos nacional e internacionalmente. Então eu acho que mulheres fizeram história no Ministério Público e mulheres fazem história unidas, concluiu.

A Promotora de Justiça Silvia Chakian de Toledo Santos, autora da obra “A Construção dos Direitos das Mulheres”, co-autora de “Crimes contra Mulheres” e articulista da Revista Marie Claire, reforçou a importância dos espaços de diálogo. “É preciso destacar as nossas dificuldades de chamar atenção das colegas em geral sobre a importância desse espaço de diálogo. E isso é muito significativo, como nós mesmas costumamos reservar a essas questões um espaço de menor importância dentro da nossa vida institucional. Acho que essa também é parte da lógica perversa da desigualdade de gênero. É tão naturalizada que acaba agindo no subconsciente e nós não nos damos conta do seu prejuízo”, ponderou.

A Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Tocantins (MPTO), Jacqueline Orofino, que é Membro Auxiliar do Conselho Nacional do Ministério Público, falou sobre o desejo de equidade entre mulheres e homens. Citando a frase “vai chegar um dia em que o Dia Internacional da Mulher será uma lembrança de como levamos tempo para amadurecer como sociedade”, Jacqueline Orofino disse acreditar que esse é o desejo de todas as mulheres, “alcançar de fato uma igualdade com os direitos dos homens, enfim uma igualdade de gênero”.

A Promotora de Justiça Substituta, Gabriela Carvalho de Almeida, especialista em Direitos Difusos pela Escola Superior do Ministério Público da São Paulo, explicou que, embora a maioria dos diplomas de mestrado e doutorado sejam para mulheres, os cargos de alto escalão ainda são ocupados em sua maioria por homens. Gabriela Almeida citou o livro escrito por Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, que analisa que a educação das mulheres desde novas é voltada para que elas pensem “pequeno”, priorizando construir uma família e cuidar da mesma, enquanto que os homens desde jovens pensam nos cargos mais altos de bancos e empresas. ‘No Ministério Público de São Paulo nunca tivemos uma Procuradora-Geral de Justiça”, exemplificou.

O webinar foi transmitido pelo canal da APMP na plataforma Youtube e foi acompanhado ao vivo por 233 telespectadores. Assista ao vídeo completo clicando aqui.