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BONS POEMAS PARA TEMPOS DIFÍCEIS (“Good Poems for Hard Times” – Introdução e seleção de Garrison Keillor – USA : Viking, 2005) José Raimundo Gomes da Cruz

BONS POEMAS PARA TEMPOS DIFÍCEIS

(“Good Poems for Hard Times” – Introdução

e seleção de Garrison Keillor – USA : Viking, 2005)

 

 

José Raimundo Gomes da Cruz

Procurador de Justiça de São Paulo aposentado

 

 

Começo com algumas referências sobre Garrison Keillor, autor da introdução e da seleção dos 185 poemas contidos no livro com o título original acima.   De acordo com o Google, neste começo de julho de 2019, trata-se de autor americano, contador de histórias, humorista e personalidade de rádio, mais conhecido como criador do programa da Rádio Pública de Minnesota, A Prairie Home Companion, que realizou de 1974 a 2016. Entre seus filmes, cita-se A Última Noite. Nas “imagens” do Google, há até foto de capa da revista TIME dedicada a ele.

 

Na primeira contracapa, resume-se o critério da seguinte seleção: “aqui estão William Shakespeare, W. S. Merwin e Walt Whitman sentados perto de Barbara Crooker, R. S. Gwynn, Barbara Handy, Jennifer Michael Hecht e outros jovens escritores recém-chegados à cena. Na última contracapa, acrescenta-se a informação dos dezesseis livros escritos por Keillor, da sua coluna lida de costa a costa e de ser ele membro da Academy of American Arts & Letters.

Entre as breves biografias, têm maior destaque as de W. S. Auden, Hilaire Belloc, John Berryman, Elizabeth Bishop, William Blake, Robert Bly, Emily Dickinson, Robert Frost, Herman Melville, W. S. Merwin, Robert Morgan, Carl Sandburg, Robyn Sarah, Shakespeare e Robert Louis Stevenson (pp. 297/329).

A mais breve amostragem sugere o poema Easter Morning (Manhã de Páscoa), de Jim Harrison, limitada aos seus seguintes versos: “I told him that in Mexico the poor say/ that when there’s lightning the rich/ think that God is taking their picture./ He laughed.” (“Eu lhe disse que no México os pobres dizem/ que quando está relampejando os ricos/ pensam que Deus está tirando a foto deles./ Ele riu.” (p. 122)

A mesma breve amostragem sugeriria a inclusão dos breves poemas de Hal Sirowitz, “The Benefits of Ignorance” (p. 149), “Prayer”, de Galway Kinnell (p. 162), “Mother, in Love at Sixty”, de Susanna Styve (p. 166) e The Yak, de Hilaire Belloc (p. 171).

Sobre este mesmo Belloc, a sucinta biografia, à p. 299, destaca que ele foi um prolífico escritor de história, crítica, comentário social, ensaios sobre viagens, jornalismo de toda espécie e chegou a ser chamado “o homem que escreveu uma livraria”. Seu trabalho ficou em desvantagem em grande parte porque sua visão católica conservadora estaria fora de moda.

Pois prefiro, mesmo, incluir o poema “Courtesy” de Belloc: “Of Courtesy, it is much less/ Than Courage of Heart or Holiness./ Yet in my Walks it seems to me/ That the Grace of God is in Courtesy.// On Monks I did in Storrington fall,/ They took me straight into their Hall./ I saw Three Pictures on a wall,/ And courtesy was in them all.// The first the Annunciation,/ The second the Visitation,/ The third the Consolation,/ Of God that was Our Lady’s Son.// The first was of Saint Gabriel,/ On Wings a-flame from Heaven he fell,/ And as he went upon one knee/ He shone with Heavenly Courtesy.// Our Lady out of Nazareth rode/ – It was Her month of heavy load,/ Yet was Her face both great and kind,/ For Courtesy was in Her Mind.// The third it was our Little Lord,/ Whom all the Kings in arms adored,/ He was so small you could not see/ His large intent of Courtesy.// Our Lord, that was Our Lady’s Son,/ Go bless you, People, one by one,/ My rhyme is written, my work is done.” (pp. 153/154)

Agora, a minha tentativa de tradução: “De cortesia, é muito menos/ do que coragem de coração ou santidade.// Já em minhas andanças me parece/ que a graça de Deus está na cortesia.// Quanto aos monges, em Storrington/ eles me introduziram logo em seu hall./ Eu vi três pinturas numa parede./ E cortesia estava em todas elas.// A primeira era a Anunciação,/ a segunda a Visitação,/ a terceira, a Consolação,/ de Deus que era o filho de Nossa Senhora.// A primeira era de São Gabriel,/ com asas de chamas ele desceu do céu,/ e quando ele ficou sobre um joelho,/ ele brilhou com celestial cortesia.// Nossa Senhora viajou de Nazaré/ – era seu mês de gravidez mais pesada,/ mesmo assim trazia seu rosto ótimo e bondoso,/ – pois cortesia se achava em sua mente.// O terceiro era o nosso Pequeno Senhor/ que todos os Magos adoraram nos braços,/ Ele era tão pequeno que você não podia ver/ sua grande intenção de cortesia.// Nosso Senhor era o filho de Nossa Senhora,/ Deus abençoe vocês, minha gente, um por um,/ Minha rima está escrita, meu trabalho está feito.”

Pelo menos este é poema para qualquer tempo, não apenas para tempos difíceis. De resto, meu comentário está escrito, minha tentativa de tradução está feita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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