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Especialistas falam sobre atenção aos idosos durante a crise do coronavírus

Transmissão ao vivo do evento aconteceu ontem com mais de 250 pessoas

O debate que foi ao ar nesta terça-feira (30) contou com a presença de Dimas Ramalho, corregedor do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Thiago Pinheiro Lima, procurador-geral do Ministério Público de Contas, Claudia Maria Beré, promotora de Justiça com atribuição na área de Direitos Humanos (MPSP), e José Roberto de Paula Barreira, assessor da Procuradoria-Geral de Justiça junto ao Centro de Apoio Operacional ao Idoso. A conversa trouxe diversos pontos fundamentais para refletir a importância do Ministério Público em um momento de crise e a necessidade de cuidado aos mais vulneráveis ao trazer o tema “A defesa dos idosos durante a pandemia”. O evento foi transmitido ao vivo pelo Youtube da APMP (Associação Paulista do Ministério Público) para 253 pessoas, com a abertura do presidente Paulo Penteado.

Em sua fala inicial, Dimas Ramalho diz: “Por que os idosos? Porque comecei ver que em outros países a Covid estava realmente causando um mal terrível nos abrigos de idosos, nas repúblicas, nos centros de acolhimentos. E essa população vulnerável, não somente pela idade mas pelas comorbidades, estavam tendo uma mortalidade extremamente alta”. O corregedor do TCE comenta sobre a necessidade redobrada que esse grupo exige, por ser o que ele denomina de “uma população silenciosa”, por não ter condições de reivindicar, de gritar e defender suas necessidades.

Thiago Pinheiro Lima complementa a fala de Ramalho, colocando o que acredita ser a maior dificuldade no combate: “Aqui no Brasil nós navegamos sem bússola, essa é a sensação que tenho. Não temos um órgão centralizado liderando as ações, coletando as informações. Quem tem feito isso, como se diz popularmente na raça, é o MP do estado de São Paulo […]. Nós estamos realmente numa guerra e fica a impressão de que é cada um por si”.

Pensando em todo o cenário cotidiano enfrentado pela população idosa, a promotora Cláudia Maria Beré afirma: “Consultei os dados do disque 100 do ano passado, e em 2019 o Brasil teve mais de 48 mil denúncias de violações de direitos da pessoas idosa. Dessas, quase 12 mil são denúncias que aconteceram aqui no estado de SP. Quando vemos o tipo de violência que são mais denunciados, temos em primeiro lugar a negligência […]. E a violência institucional está na lanterninha com apenas 2% das denúncias. Essa é a violência que a pessoa sofre pelas instituições, pelo Estado, pelos hospitais, pelas empresas. Esse momento de pandemia se demonstrou um momento de intensa violência institucional contra a pessoa idosa”.

José Roberto de Paula Barreira finaliza a rodada de comentários, salientando: “É importante que tenhamos em mente a necessidade de prestar atenção, e dar atenção e conferir instrumentação a essas instituições que acolhem idosos por conta das dificuldades das vidas em suas família. E volto a repetir o que a Claudia reforçou: não somente as instituições filantrópicas públicas, mas também particulares, que se encontram deprimidas economicamente neste período de pandemia”.

O presidente da Associação, Paulo Penteado, finaliza o evento agradecendo os presentes por suas falas fundamentais: “Um orgulho para APMP ter todos vocês aqui hoje. Não vamos perder, nós do Ministério Público, nosso foco de efetivação do estado de direito, da luta pela democracia e por instituições independentes. Agradeço a todos vocês, a todos que estão nos assistindo […]. A APMP não vai se desviar do seu objetivo de defendê-los em quaisquer lutas. Lutas contra poderes econômicos, poderes políticos, locais, regionais ou nacionais. Porque vocês guardam o estado democrático de direito e nós estaremos sempre ao lado de vocês”.

O vídeo do debate na íntegra estará disponível no canal do Youtube da APMP.